sábado, 11 de dezembro de 2010

Jornal Folha Literária

  Nascido em 1861, João da Cruz e Sousa inaugura o Simbolismo brasileiro com a coletânea de poemas Broquéis e a prosa poética Missal, ambas nesse ano.
João nasceu em Desterro, filho de escravos, sofre uma série de perseguições raciais. Por ser negro, foi impedido de assumir o cargo de promotor público em Laguna. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas.
Esse é um ano de muita importância, pois se dá o início do Simbolismo no nosso País.
Em suas obras, podemos observar diversidade e riqueza. Encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo, como exemplo o culto da noite, Satanismo, pessimismo, angústia da morte, etc. Sua linguagem era impregnada de vocábulos que davam um vigoroso ritmo evocativo, seguidos de delírios constantes, como na poesia Ódio Sagrado abusava de aliterações, buscando uma virtuosidade musical. 
Em fevereiro deste ano, publica Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poemas), hoje, no mês de Agosto.



Missal -  O poema deixa de lado os significados lógicos e explícitos, para trilhar por caminhos mais sutis e de sugestões vagas, marca característica dos Simbolistas, assim como a musicalidade empregada na estética de seus textos. 





Broquéis - É hoje o lançamento do Broquéis, tem a influência de Baudelaire, que traz o mal como algo belo. Neste livro, Cruz e Sousa, usa uma linguagem erudita, fazendo todo um jogo de palavras. Usa a cor branca para representar a espiritualidade, além de elementos vagos. A todo tempo deseja o espírito, mas perde a espiritualidade com o elemento material. Broquéis é um livro de poesia maior. O Simbolismo reflete sua linguagem colorida, exótica e vigorosa; na abstração vaga e diluída de toda a materialidade; na imprecisa mas dominante tendência mística, envolvendo todo um vocabulário litúrgico; na linguagem figurada, constantemente cheia de aliterações e sinestesias; na crescente musicalidade que emana de seus versos. São poemas simbolistas, mas poemas carregados de sentimento e de vigorosas vivências. Poemas que identificam a tortura existencial do poeta, totalmente dedicado à criação poética.


O  Professor Massaud Moisés, presente na inauguração da obra, falou com exclusividade ao nosso jornal. Quando perguntando sobre as obras de Cruz e Sousa, ele responde:
Missal e Broquéis trazem algumas das tortuosas e barroquizantes fórmulas sintáticas e alguns dos exotismos lexicais, decerto herdados desenvolvida e aperfeiçoadamente da poesia científica e realista. Apesar de aproximar sua obra dos simbolistas franceses, nota-se em sua poesia a presença do soneto, de um trabalho métrico e rímico muito próximo ao dos parnasianos. 


É com muito orgulho que encerramos mais uma edição. Que o Simbolismo permaneça vivo na história do Brasil e dos brasileiros.

Jornal Folha Literária - Edição 223 - Agosto/1893.

Componentes: 
 Gyselle Christina;    José Rafael;   Wenderson Almeida;



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